Política

Reviravolta: Carla Zambelli não foi presa na Itália e quebra o silêncio, veja o vídeo

Carla Zambelli: O Vídeo que Afirma a Entrega Voluntária à Justiça Italiana

No dia 29 de julho de 2025, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) voltou a ser destaque na mídia após a divulgação de um vídeo em que afirma não ter sido presa, mas sim ter se apresentado voluntariamente às autoridades italianas. O caso, que ganhou repercussão internacional, envolve a parlamentar brasileira, condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e levanta debates sobre sua situação jurídica, extradição e as tensões políticas que a cercam.

O Contexto da Condenação e Fuga

Carla Zambelli, figura proeminente do bolsonarismo e conhecida por seu ativismo político desde os protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2015, foi condenada em maio de 2025 pelo STF. A acusação aponta que ela orientou o hacker Walter Delgatti a invadir os sistemas do CNJ para forjar um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, com o objetivo de causar instabilidade política. Após a sentença, Zambelli deixou o Brasil, passando pelos Estados Unidos antes de se estabelecer na Itália, onde possui dupla cidadania. Sua saída do país foi interpretada pelo STF como uma tentativa de fuga, o que levou à inclusão de seu nome na lista vermelha da Interpol e à decretação de prisão preventiva pelo ministro Moraes.

O Vídeo e a Narrativa de Zambelli

No vídeo divulgado em suas redes sociais, Carla Zambelli aparece ao lado de seu advogado, Fábio Pagnozzi, e declara que tomou a decisão de se apresentar às autoridades italianas para colaborar com a justiça e esclarecer sua situação. “Estou segura de me entregar às autoridades italianas”, afirmou a deputada, enfatizando que nunca esteve foragida e que confia na Justiça italiana para avaliar seu caso. Segundo ela, sua entrega voluntária seria uma forma de demonstrar transparência e contestar as acusações, que ela classifica como perseguição política.

Zambelli também aproveitou o vídeo para reiterar que não teve envolvimento com a invasão do CNJ e que sua condenação no Brasil foi baseada em depoimentos inconsistentes de Delgatti, a quem ela chama de “mentiroso patológico”. A deputada expressou sua intenção de permanecer na Itália e buscar proteção jurídica, apoiando-se em sua cidadania italiana para evitar a extradição. No mesmo vídeo, seu advogado reforçou que a entrega às autoridades foi um ato deliberado, com o objetivo de garantir que Zambelli pudesse se defender no processo de extradição.

A Controvérsia da Prisão

A narrativa apresentada por Zambelli no vídeo, no entanto, diverge de outras versões do ocorrido. Informações veiculadas por fontes policiais e pela imprensa apontam que a deputada foi localizada em um apartamento no bairro de Aurélio, em Roma, após uma denúncia do deputado italiano Angelo Bonelli, que forneceu seu endereço às autoridades. A operação, resultado de cooperação entre a Polícia Federal brasileira, a Interpol e a polícia italiana, culminou na detenção de Zambelli, que, segundo essas fontes, não teria se entregado voluntariamente, mas sim sido capturada.

Essa contradição alimentou debates nas redes sociais e na mídia. Enquanto apoiadores de Zambelli defendem sua versão, argumentando que ela está sendo vítima de perseguição política, críticos apontam que a entrega voluntária seria uma tentativa de reescrever os fatos para minimizar a gravidade de sua situação. A prisão, confirmada pelo Ministério da Justiça brasileiro e pela Polícia Federal, marca um novo capítulo na trajetória da deputada, que agora enfrenta um processo de extradição na Itália.

O Processo de Extradição e o Futuro

Após sua detenção, Zambelli foi inicialmente levada a uma delegacia em Roma, onde aguarda decisão da Justiça italiana sobre seu destino. As autoridades do país têm 48 horas para determinar se ela permanecerá presa, será liberada com medidas cautelares (como uso de tornozeleira eletrônica) ou iniciará o processo formal de extradição. A dupla cidadania de Zambelli, que ela acreditava ser uma proteção contra a extradição, não parece ser um obstáculo significativo, já que a Itália permite a extradição de seus cidadãos em certos casos, especialmente em acordos bilaterais como o que existe com o Brasil.

O caso de Zambelli também tem implicações políticas. No Brasil, a prisão pegou de surpresa lideranças do PL, seu partido, e reacendeu discussões sobre a cassação de seu mandato na Câmara dos Deputados. A condenação do STF já prevê a perda do mandato, mas a decisão final depende de votação na Casa, o que pode intensificar as tensões entre apoiadores e opositores da deputada.

Conclusão

O vídeo de Carla Zambelli, no qual ela afirma ter se entregado às autoridades italianas, é mais um capítulo de um caso que mistura política, justiça e controvérsias internacionais. Enquanto a deputada busca construir uma narrativa de colaboração e confiança na Justiça italiana, as circunstâncias de sua detenção sugerem um desfecho menos voluntário do que o apresentado. O desenrolar do processo de extradição e as decisões da Justiça italiana serão cruciais para determinar o futuro de Zambelli, tanto no âmbito jurídico quanto político. Por enquanto, o caso permanece como um símbolo das polarizações que marcam o cenário brasileiro, com reflexos que atravessam fronteiras.