Política

Quem é o novo Papa? O Americano pode ter relação com Trump?

O Novo Papa Leão XIV: Quem é Robert Francis Prevost e Sua Relação com Donald Trump

No dia 8 de maio de 2025, a fumaça branca na chaminé da Capela Sistina anunciou ao mundo a eleição do novo líder da Igreja Católica, o Papa Leão XIV. Pela primeira vez na história, um americano assume o trono de São Pedro: o cardeal Robert Francis Prevost, nascido em Chicago, nos Estados Unidos, com nacionalidade peruana por parte de sua família. A escolha de Prevost, um religioso de 69 anos, marca um momento histórico para o catolicismo, mas também levanta questões sobre sua relação com o presidente americano Donald Trump, especialmente em um contexto de tensões políticas e religiosas.

Quem é Robert Francis Prevost?

Robert Francis Prevost é um cardeal de origem humilde, conhecido por sua trajetória pastoral e administrativa dentro da Igreja Católica. Nascido em Chicago, ele cresceu em uma família de raízes peruanas, o que lhe confere uma dupla nacionalidade e uma perspectiva multicultural. Prevost é membro da Ordem dos Agostinianos e tem uma longa história de serviço missionário, especialmente na América Latina, onde trabalhou em comunidades pobres no Peru. Sua formação inclui estudos teológicos em Roma e nos Estados Unidos, e ele é reconhecido por sua abordagem pastoral que combina simplicidade com firmeza doutrinária.

Antes de ser elevado a cardeal em 2023, Prevost serviu como bispo de Chiclayo, no Peru, e como prefeito do Dicastério para os Bispos no Vaticano, um cargo de grande influência na nomeação de líderes eclesiásticos. Sua escolha como papa reflete o desejo de muitos cardeais por um líder que mantenha a abertura pastoral de Francisco, mas com um tom mais conciliador em questões teológicas e políticas. Prevost é visto como um moderado, com inclinações progressistas em temas como imigração e justiça social, mas com uma postura firme em questões morais tradicionais.

Um Papa Americano: Um Marco Histórico

A eleição de um papa americano é um evento sem precedentes. Os Estados Unidos, apesar de terem a quarta maior população católica do mundo (cerca de 50 milhões de fiéis), nunca haviam produzido um pontífice. A escolha de Prevost rompe com a tradição de papas europeus ou, mais recentemente, latino-americanos, como foi o caso de Francisco. Sua nacionalidade americana e sua ascendência peruana simbolizam a universalidade da Igreja, que busca se conectar com as periferias e com uma fé globalizada.

No entanto, a eleição de um americano também traz desafios. A Igreja nos EUA é marcada por divisões entre uma ala conservadora, que frequentemente se alinha com valores republicanos, e uma ala progressista, mais próxima das pautas sociais defendidas por Francisco. Prevost, com sua experiência internacional e sua postura moderada, parece ser uma tentativa de equilibrar essas tensões, mas sua nacionalidade inevitavelmente o coloca no centro do debate político americano.

A Relação com Donald Trump

A relação entre o Papa Leão XIV e Donald Trump é complexa e marcada por diferenças ideológicas significativas. Durante o conclave, especulou-se que o governo Trump, permeado por católicos ultraconservadores como o vice-presidente J.D. Vance, buscava influenciar a escolha do novo papa para alinhar o Vaticano com sua agenda política. Nomes como o cardeal Raymond Burke, um americano ultraconservador e aliado de Trump, foram mencionados como possíveis candidatos apoiados pela Casa Branca. No entanto, a eleição de Prevost, que é ideologicamente oposto a Trump em várias questões, indica que os cardeais priorizaram a continuidade do legado de Francisco em vez de ceder a pressões externas.

Prevost é conhecido por sua defesa de políticas migratórias mais humanas, uma posição que o coloca em conflito direto com as medidas de deportação em massa propostas por Trump. Durante sua trajetória, ele criticou abertamente políticas que discriminam imigrantes, ecoando as palavras de Francisco, que classificou os planos de deportação de Trump como uma “desgraça”. Essa postura sugere que Leão XIV manterá uma relação tensa com o governo americano, especialmente em temas como imigração, mudanças climáticas e direitos humanos.

Além disso, Trump protagonizou polêmicas recentes que irritaram setores da Igreja. Em maio de 2025, ele publicou uma imagem gerada por inteligência artificial que o retratava como papa, o que foi considerado desrespeitoso por líderes católicos, incluindo o cardeal Timothy Dolan, de Nova York. Embora Trump tenha minimizado o caso, chamando-o de “piada”, a postagem foi vista como uma tentativa de ridicularizar o processo do conclave e a memória de Francisco. A escolha de Prevost, portanto, pode ser interpretada como uma resposta indireta dos cardeais a essas provocações, reafirmando a independência do Vaticano.

O Futuro do Pontificado de Leão XIV

Como Papa Leão XIV, Robert Francis Prevost assume a liderança de 1,4 bilhão de católicos em um mundo polarizado. Sua experiência missionária e sua origem multicultural o posicionam como um líder capaz de dialogar com diferentes culturas, mas sua nacionalidade americana o coloca sob escrutínio em um momento de forte influência dos EUA na política global. Sua relação com Trump provavelmente será marcada por divergências, especialmente em questões sociais e éticas, mas Prevost também pode buscar um diálogo diplomático para evitar confrontos diretos.

O novo papa terá o desafio de preservar o legado reformador de Francisco, enquanto lida com as pressões de uma Igreja dividida e de um cenário político internacional dominado por figuras como Trump. Sua escolha pelo nome Leão XIV, evocando papas históricos conhecidos por sua coragem e liderança, sugere que ele está preparado para enfrentar esses desafios com determinação. Resta saber como Leão XIV navegará pelas águas turbulentas da geopolítica e da fé, especialmente em sua relação com o líder da nação mais poderosa do mundo.